Viseu
Está a arquitectura sob resgate?
Todos os dias,
16h00–23h00
—
Entrada Livre
01.07 – 10.07.2016
Local
Rua José Branquinho (em frente à Associação dos Bombeiros Voluntários)
Viseu
O pavilhão Mundo Português é uma iniciativa dos Jardins Efémeros que procura reunir e cruzar práticas que, entre a arte e a arquitectura, possam estimular reflexões sobre o momento que vivemos em Portugal numa circunstância em que essas reflexões já não são possíveis fora do espaço alargado em que hoje todos nos encontramos. Chamar a este espaço de cruzamentos Mundo Português tem a oportunidade de remeter para a exposição realizada em Lisboa em 1940 onde que se apresentava uma identidade nacional separada do mundo de que ainda assim Portugal fazia parte. Que identidade, ou, mais precisamente, por que identidades se vive hoje em Portugal? Identidade não é um tema periférico às discussões que hoje se fazem na Europa em que vivemos e de que fazemos parte, como os acontecimentos recentes têm tão veementemente demonstrado. Como discuti-lo então?
O espaço em ruínas onde esta exposição se realiza estabelece um ponto de partida para as interpretações que cada um dos seus intervenientes propõe. A primeira evidência é a ruína precisamente. Uma ruína são restos e, da mesma maneira, marcas de um tempo que resiste a deixar de ser presente. Enquanto existirem ruínas existem entre nós tempos que não são os de hoje. É precisamente esse espaço entre presença e desvanecimento que o Mundo Português reúne.
Duarte Belo propõe três situações distintas, três enquadramentos de observação. Três naves, três conjuntos de fotografias. Numa primeira nave há a presença de vegetação, que vai colonizando o espaço abandonado. É a vida na sua mais pungente dimensão. À perda de uma actividade humana, segue-se o avanço vegetal, mesmo que as condições de luz, ou a presença de terra, sejam escassas.
Na nave oposta há um conjunto de viaturas que ali terminaram as suas viagens há alguns anos. Propõe-se o diálogo com essas peças, agora inúteis, através de um conjunto de imagens de veículos, abandonados, acidentados, registadas ao longo de quase trinta anos pelo território português.
Por fim, para contrastar com estas realidades, que aparentemente nada têm em comum, um percurso célere por alguns dos mais notáveis monumentos históricos de Portugal. Espaços monumentais e referências de uma identidade colectiva.
O lugar condiciona a ocupação do espaço. Há a procura de uma imagem de Portugal, ou imagens para Portugal, a partir de uma situação concreta.
Esta é uma reflexão que se propõe, pela imagem fotográfica e através de uma recolha que se estende ao longo das últimas três décadas, sobre aspectos particulares de um país, num lugar, no centro de Viseu, que encerra, na sua ruína e abandono, um carácter estimulante, inusitado e perturbador.
“Portugal hoje, o medo de existir”, denotava José Gil no título de uma das suas obras mais marcantes sobre a realidade e o ser português. Há quatro anos que Portugal é governado no exterior, com sede de governo em Bruxelas. A Europa, com um futuro cada vez mais incerto, deixa Portugal com a franca incerteza da sua existência — não é o medo que hoje determina a sua existência, é a simples (im)possibilidade de ser. É concebível, hoje, pensar um futuro para o País? Existirá espaço e possibilidade para tal? É neste contexto que Alexandre Farto (aka VHILS) e Miguel Januário (aka ±MAISMENOS±) reflectem sobre esse futuro, sobre esse espaço, sobre essa existência. Os Jardins Efémeros acolhem estes dois artistas portugueses e cedem o espaço físico a essa reflexão. Os viseenses são convidados e confrontados com a cedência do espaço para essa reflexão.
Habitar Portugal é uma exposição itinerante que reúne um conjunto de 80 obras construídas por arquitectos portugueses a partir de uma proposta de enquadramento para a sua observação, um tema: está a arquitectura sob resgate?
A arquitectura tem processos lentos e o espaço de tempo das obras selecionadas manifesta-nos isso mesmo, o impacto sobre os processos e a emergência das suas respostas ou das suas formas de adaptação ou de reacção, que não é necessariamente o resultado formal dos objectos construídos. As questões que esse processo levanta são tão importantes como as obras onde procuramos dele evidências.
Um dos temas que emerge como primordial é, por diversas razões, a identidade. Mundo Português, a exposição em que o HP se insere nos Jardins Efémeros permite discuti-lo com áreas diversas, que expandem o âmbito de uma questão disciplinar. A identidade foi o que tornou possível localizar no mundo uma arquitectura portuguesa. Simultaneamente os processos de globalização de que fazemos parte absorveram a identidade da arquitectura portuguesa como uma manifestação de diferenciação, tornaram-na identificável e passível de ser absorvida num espaço cultural alargado de que fazemos parte. O processo de integração num espaço económico europeu alargado refez a identidade como um tema. Viseu e os Jardins Efémeros parecem ser um espaço oportuno para o discutir.
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Programação Paralela
Apresentações // Conferências
Obras Norte II
Rua D. Duarte 60
Viseu
6 Abr 2016
qui, 17h00
Debate #1
“Mundo Português: identidade e desintegração”
Rua D. Duarte 60
Viseu
5 Abr 2016
qua, 19h00